quinta-feira, 25 de março de 2010

Um autista no dojô: karatê adaptado



“Juan Carlos entra no dojô nos braços de seu pai, que para no meio da entrada e mostra a textura do tatame e o instala no chão. Assim logo que toca no assoalho, começa a correr e gritar.

Imediatamente, Adolph Lopez, professor do karate, tenta começar. Mas antes, deve captar a atenção do menino, paciente da síndrome do trantorno generalizado do desenvolvimento específico.

Juan Carlos continua correndo sem rumo e a toda velocidade. Grita e corre. O mestre, vai a traz. Há quatro meses freqüenta um Programa Adaptado de Karate Shotokan, um conceito original de López, mestre e estudioso do karate adaptado. 

Enquanto o pai tira seus sapatos e entra também no tatame. Com a força do amor ajuda seu filho a completar as rotinas do Karatê, que é a arte marcial mais popular em seu país, Porto Rico.


O professor

López Alemán pratica karate há 18 anos. Começou a prática aos 13 anos. Completou um Bacharelado em Educação Física; um mestrado em Serviços Recreativo como uma segunda especialidade em Educação Física. Atualmente está fazendo Doutorado em Educação. Sua sala de aula está em Let's Giggle, edifício Home Spot em Puerta de Tierra.

A jornada se torna difícil e o karateca, faixa amarela resiste. A falta de palavras o desespera e trata de morder seu professor. Fecha os olhos e se nega a completar os katas. O pai o agarra e ajuda a fazer os movimentos, passa um tempo antes de larga-lo, o papai junta as pequenas mãos do menino e aplaude ao fim. Continuam os treinamentos. A criança volta a recusar a fazer o movimento e tenta morder o pai. Mas ele deve completar os movimentos. Segue e resiste. Mais uma vez quer morder o pai.

O pai não se dá por vencido e insiste que o menino complete a jornada. Enfim, o garoto completa o kata e quer como recompensa pelo exercício jogar uma bola no cesto de lixo. Juan Carlos se altera, grita forte. Para captar sua atenção Adolfo fala como se fosse o "Pato Donald" e lhe faz cócegas . O menino sorri mas não quer se levantar.

Carlos confabula com o garoto. “Olhe, assim vão dizer que você não é karate-ka. Você precisa ser um bom para conseguir uma namorada diz o pai enquanto arruma seu kimono. Por outro lado, Adolfo até canta uma canção para chamar atenção de Juan Carlos.

O menino começa então a treinar golpes nos apara-socos e apara-chutes. Entende o que diz e sabe quantos socos e chutes precisa dar no exercício. Culminado o ritual volta a se deitar. O mestre faz malabares par o menino terminar sua rotina. O menino completa a rotina e dá um abraço no mestre.

“Para você não há nada impossível”, diz Carlos a seu único filho antes de tentar fazer a rotina mais completa. Precisas completar três seqüências completas. Antes de começar, Juan Carlos se atira sobre Alfonso. Finalmente o garoto termina sua rotina diária e senta-se no solo, Carlos agarra suas mãozinhas e o aplaude. A aula pareceu uma eternidade mas durou 40 minutos.


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